Catador de “Lixo Extraordinário” tem visto negado para os EUA

Da Folha.com, em 02 de fevereiro de 2011:

 

Tião, protagonista do filme “Lixo Extraordinário”, que fala sobre o artista brasileiro Vik Muniz, enfrenta uma barreira grande a seu sonho de chegar a Hollywood: a burocracia da imigração norte-americana.

Brasileiro radicado em Nova York, Vik Muniz, que também vem de família pobre, disse à agência Reuters que o pedido de visto de visitante aos EUA feito por Tião foi recusado, mas que ele ainda tem esperanças de que seja aprovado em tempo para a cerimônia de premiação que acontecerá no final de fevereiro.

“Estamos pensando em ir com Tião”, disse Muniz à Reuters. “Ele é uma pessoa que é fundamental neste filme. Deveria realmente ser ele a receber o Oscar.”

O catador de lixo brasileiro pode dividir o palco do Oscar com gente como Brad Pitt e Johnny Depp no final de fevereiro, depois de estrelar um documentário sobre o poder transformador da arte.

  Rafael Andrade/Folhapress  
Tião, do documentário "Lixo Extraordinário", em assembleia dos catadores de lixo do Jardim Gramacho (RJ)
Tião, do documentário “Lixo Extraordinário”, em assembleia dos catadores de lixo do Jardim Gramacho (RJ)

Em “Lixo Extraordinário”, indicado ao Oscar de melhor documentário, Sebastião Carlos dos Santos e um grupo de outros trabalhadores num enorme aterro sanitário do Rio de Janeiro tornam-se fontes de inspiração do artista plástico Vik Muniz, que lança uma luz sobre uma atividade que a sociedade preferiria ignorar.

Usando fotos ampliadas deles mesmos e do próprio lixo que vasculham todos os dias em busca de objetos recicláveis, Santos e seus colegas ajudam Muniz a criar obras de arte belíssimas que são compradas por colecionadores internacionais por milhares de dólares.

Conhecido por seu apelido, Tião, o catador acaba viajando com Muniz para uma importante casa de leilões em Londres e cede às lágrimas quando uma foto, baseada em sua pose numa banheira descartada, é arrematada por 28 mil libras (45 mil dólares).

“Quando as pessoas me dizem que vou a Hollywood, não parece real”, disse Tião, 32 anos, à Reuters. “Às vezes brinco com Vik – digo que, quando o relógio bater a meia-noite, vou perder meus sapatos e o mundo vai voltar para onde estava. Mas acho que agora não vai mais, acho que o mundo nunca mais será como antes.”

Tião começou a ajudar sua família a catar lixo no aterro de Gramacho, em Duque de Caxias (RJ), quando tinha apenas 11 anos. Ele conseguiu comprar uma casa com o lucro obtido do leilão de arte.

“Muita gente ainda tem preconceito em relação ao trabalho dos catadores”, disse Tião, acrescentando que são “recicladores”.

“As pessoas veem o lixo como algo insignificante e invisível, e era assim que os catadores de lixo eram vistos também”, afirmou ele, que tornou-se presidente da associação local de catadores de lixo.

“Este filme mostra que somos batalhadores, que sustentamos nossas famílias e fazemos um trabalho honesto.”

Dirigido pela britânica Lucy Walker, “Lixo Extraordinário” (“Waste Land” em inglês) vem sendo descrito como o “Quem Quer Ser um Milionário” dos documentários, mas enfrentará concorrência difícil na categoria de melhor documentário.

Seus quatro rivais incluem outro filme que foca a arte de rua – “Exit Through the Gift Shop”, do artista britânico anti-establishment Banksy.

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Extraído de: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/869509-catador-de-lixo-extraordinario-tem-visto-negado-para-os-eua.shtml

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