Sobre o silêncio irônico

“A humanidade é desumana,
mas ainda temos chance…”
(Renato Russo)
Há homens que vivem no mar
E homens que vivem do mar
Há homens de todo tipo:
Homens que vivem no campo
E homens que vivem do lixo;
Homens que plantam batatas
E homens que plantam haxixe;
Homens que furtam o processo
E homens que furtam o produto;
Homens que vendem suas forças
E homens que alugam seus corpos;
Homens que compram aos montes
E homens que vendem suas almas;
Uns que vivem dos excessos
Outros que migalham os desperdícios;
Homens que colhem as safras
Para homens que contam as cifras;
Poucos que comem demais
Milhares que comem nem isso;
Homens ébrios de luxúria
E homens bêbados na miséria
Para quem o amargo da cana
Engana o amargo da vida.
 
Há homens que matam e morrem
Há homens que choram a perda;
Há homens tão violentos
Que não percebem que são violados.
 
(Há violência concreta
e há violência simbólica)
 
Há homens bons que são maus
e homens maus que são bons;
Homens que dizem a verdade
e homens que iludem a realidade.
 
Mas os piores dos homens
não são só os que mentem quando falam
– são os que aceitam, e se calam.
                                                              [2005]

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