Manifesto em defesa de Fábio Hideki Harano

Caverna da Pedra lascada, julho de 2014

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Fonte: http://liberdadeparahideki.org/

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Fábio Hideki Harano foi preso em São Paulo, no dia 23/06/2014, após participar da manifestação “Se não tiver direitos, não vai ter Copa”. Voltando para casa ao final do ato, Hideki foi detido por agentes à paisana do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) e revistado na presença de várias pessoas. As testemunhas declararam não haver nenhum objeto ilegal em seus pertences naquele momento. Apesar disso, ele é acusado do crime inafiançável de portar um artefato explosivo. Atualmente, ele cumpre prisão preventiva na Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, localizada na cidade de Tremembé – SP, acusado por quatro artigos do Código Penal – entre eles associação criminosa – e um artigo do Estatuto do Desarmamento.

Padre Júlio Lancelotti acompanhou o momento da revista policial de perto e declara que entre os pertences de Hideki não havia nada que pudesse ser confundido com objeto explosivo. Para ele, que é do Centro de Defesa dos Direitos Humanos “Padre Ezequiel Ramin” e da Arquidiocese de São Paulo, esta é uma acusação baseada em flagrante forjado. Em declaração à imprensa, o DEIC afirma que esta foi a primeira ação da operação “black bloc”, que busca identificar as lideranças do que a polícia nomeia como “organização criminosa”.

Diante da insatisfação popular e instabilidade política, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo optou por táticas de terror: o sufocamento das manifestações com presença ostensiva da tropa de choque e a “punição exemplar”, que desta vez recaiu sobre Fábio Hideki, estudante, trabalhador e manifestante pacífico.

Hideki, preocupado com as causas sociais, participa de protestos há vários anos. Nestas ocasiões opta por carregar cartazes e dialogar com as pessoas. Ele frequentemente dá entrevistas nas quais informa seu nome e ocupação, jamais escondendo sua identidade. Chama a atenção também por seu porte físico e por usar um capacete branco de motoqueiro, uma máscara de gás e portar vinagre, itens que adotou a partir do momento em que a repressão policial se tornou regra.

A prisão de Fábio marca mais um passo na escalada da criminalização dos movimentos sociais e populares no estado de São Paulo, constituindo uma ameaça aos direitos individuais e coletivos de livre expressão. Esta prisão é um ataque a todos os movimentos sociais. Ao prender arbitrariamente um ativista idôneo e conhecido por todos, pretende-se espalhar o medo entre as pessoas que lutam por justiça social. Não toleraremos este ataque. Lutar não é crime. Seguiremos em luta.

 

Liberdade para Hideki!
Rede de solidariedade a Fábio Hideki Harano

Assine o abaixo-assinado pela libertação de Fábio Hideki em: 

http://liberdadeparahideki.org/abaixo-assinado-pela-libertacao-imediata-de-fabio-hideki-harano/

 

 

Pictografias mensais: junho de 2014.

Caverna da Pedra Lascada, junho de 2014.

 

família

“A história humana não se desenrola apenas nos campos de batalhas e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer a minha poesia. Dessa matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não tem voz” (Ferreira Gullar – Corpo a corpo com a linguagem).

 

Após umas merecidas férias, o Blog da Pedra Lascada vai retornando as suas atividades, inaugurando uma nova fase na dolorosa ação de pensar e na ainda mais dolorosa e ousada ação de tornar público o que pensamos.

Dizer o que pensa é expor e se expor. É arriscar-se ao diálogo, porque quem diz também ouve (quando não sofre ameaças, ou agressões mesmo).

Tempos difíceis estes em que os fascistas começaram a sair dos seus armários, fedendo à naftalina e bola de sebo, patrocinados pelos governos de plantão – explicitamente patrocinados pelos da velha direita e não menos diretamente pelos da nova direita encastelados no governo federal, e que insistem em tentar confundir os desavisados, reivindicando para si a – falsa – alcunha de esquerda.

Fazer dos pensamentos reflexões e das reflexões movimento é uma tarefa árdua e, como referia-se Paulo Freire em relação ao mundo, “difícil, urgente e necessária”. É uma tarefa que exige ação coletiva e pluralidade de reflexões – não dizemos pluralidade de opiniões porque, em tempos de redes sociais, todo mundo ficou vorazmente opiniático, mas de uma superficialidade nenhum pouco inédita! E ai de quem questionar publicamente o opiniático, este ardoroso estandarte do senso-comum! É cutucar e ouvir: “Respeitem a minha opinião”! Como se dissesse, meramente: “é questão de gosto, e gosto não se discute”.

Pois bem! Respeitamos sim a opinião de todo mundo e de cada um. E nos reservamos o direito de também ter opiniões mas, mais do que opiniões, desejamos construir reflexões, porque “achar que…” não é “saber que…” – e de uma coisa temos certeza: sabemos tão pouco que precisamos pensar sobre o que achamos que sabemos para então não ter apenas opinião sobre, mas ter conhecimento sobre. Sobre o que pensamos, sobre o que fazemos, sobre o que pensamos a respeito do que fazemos, sobre o que fazemos a respeito do que pensamos…

Lembrando novamente Paulo Freire: “a prática de pensar a prática é a melhor maneira de pensar certo”.

E pensar a prática é pensar a realidade, sobre a realidade, sobre os temas do cotidiano, sobre as questões conjunturais. Tarefa que requer muitas cabeças e muitos pensamentos…

Assim vamos agregando ao Blog Pedra Lascada novas ideias, novas vozes, novos seres pensantes que, embora possam ter pontos-de-vista diferentes, compartilham concepções e princípios afins.

Coragem! Apenas começamos…

 

Caverna da Pedra Lascada, junho de 2014.

família

“A história humana não se desenrola apenas nos campos de batalhas e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer a minha poesia. Dessa matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não tem voz” (Ferreira Gullar – Corpo a corpo com a linguagem).

Após umas merecidas férias, o Blog da Pedra Lascada vai retornando as suas atividades, inaugurando uma nova fase na dolorosa ação de pensar e na ainda mais dolorosa e ousada ação de tornar público o que pensamos.

Dizer o que pensa é expor e se expor. É arriscar-se ao diálogo, porque quem diz também ouve (quando não sofre ameaças, ou agressões mesmo).

Tempos difíceis estes em que os fascistas começaram a sair dos seus armários, fedendo à naftalina e bola de sebo, patrocinados pelos governos de plantão – explicitamente patrocinados pelos da velha direita e não menos diretamente pelos da nova direita encastelados no governo federal, e que insistem em tentar confundir os desavisados, reivindicando para si a – falsa – alcunha de esquerda.

Fazer dos pensamentos reflexões e das reflexões movimento é uma tarefa árdua e, como referia-se Paulo Freire em relação ao mundo, “difícil, urgente e necessária”. É uma tarefa que exige ação coletiva e pluralidade de reflexões – não dizemos pluralidade de opiniões porque, em tempos de redes sociais, todo mundo ficou vorazmente opiniático, mas de uma superficialidade nenhum pouco inédita! E ai de quem questionar publicamente o opiniático, este ardoroso estandarte do senso-comum! É cutucar e ouvir: “Respeitem a minha opinião”! Como se dissesse, meramente: “é questão de gosto, e gosto não se discute”.

Pois bem! Respeitamos sim a opinião de todo mundo e de cada um. E nos reservamos o direito de também ter opiniões mas, mais do que opiniões, desejamos construir reflexões, porque “achar que…” não é “saber que…” – e de uma coisa temos certeza: sabemos tão pouco que precisamos pensar sobre o que achamos que sabemos para então não ter apenas opinião sobre, mas ter conhecimento sobre. Sobre o que pensamos, sobre o que fazemos, sobre o que pensamos a respeito do que fazemos, sobre o que fazemos a respeito do que pensamos…

Lembrando novamente Paulo Freire: “a prática de pensar a prática é a melhor maneira de pensar certo”.

E pensar a prática é pensar a realidade, sobre a realidade, sobre os temas do cotidiano, sobre as questões conjunturais. Tarefa que requer muitas cabeças e muitos pensamentos…

Assim vamos agregando ao Blog Pedra Lascada novas ideias, novas vozes, novos seres pensantes que, embora possam ter pontos-de-vista diferentes, compartilham concepções e princípios afins.

Coragem! Apenas começamos…

Caverna da Pedra Lascada, janeiro de 2011

Foto: ReutersMulher grávida participa da comemoração do 35º aniversário da Revolução dos Cravos, em Lisboa, neste sábado (25). Em 1974, a revolução levou ao fim a ditadura então encabeçada por Marcelo Caetano. (Foto: Reuters)

Em minha modesta visão particular, o ano novo começa para cada pessoa em sua data de nascimento, por motivos que julgo óbvios; mas como dizem que o óbvio precisa ser dito, justifico: é na data de nascimento que completa-se mais um ano na vida de cada um – portanto: ano novo. O meu será no próximo mês, se tudo der certo e nenhum contratempo interromper meu percurso. Isso tudo considerando, é claro, o nosso calendário gregoriano, adotado na maior parte dos países do mundo e, se não me enganaram com informações incorretas, em todos os países ocidentais. Então, por convenções políticas, sociais e culturais das quais não tenho conhecimento, mas apenas vagas suposições, eis que este é oficialmente nosso primeiro dia do ano, que eu chamaria de ano social, por ser transversal ao tempo de vida de cada um.

Eis que o simbólico início de ano também foi marcado pela concreta e simbólica posse da presidente Dilma que proferiu seus cerca de quarenta e cinco minutos de discurso à nação – discurso, aliás, carregado de termos vinculados à ideia de pós-modernismo (como a expressão sociedade do conhecimento e da tecnologia, usada em um dos momentos).

Nenhuma novidade à vista, pensei. Compromisso com o mercado, aliança com a burguesia, manutenção do status quo. No plano do necessário combate à miséria, evidenciou-se o que compreende por superação da mesma: a elevação dos pobres à classe média. Neste ponto, pensei: então é esse o grande sonho do brasileiro: tornar-se classe média??? Mas e a exploração do trabalho, a mais-valia expropriada à custo do suor do trabalhador, o que se pretende fazer pra acabar? Nenhuma palavra sobre isso… O sonho do brasileiro, segundo o discurso da presidente, é tornar-se capitalista, isto é, passar da condição de explorado à condição de explorador. E talvez seja mesmo, porque o que vejo de pessoas dizendo que se ganharem na loteria  – vão abrir um negócio, construir uma fábrica, comprar uma latifúndio, passar de empregado à patrão, ser empreendedor – para usar uma das palavras da nossa presidente -, não está escrito nos gibis!

Não dá para esperar muito mais de um discurso de posse de um partido que aderiu à ideia da conciliação de classes, como apontou o jornalista José Arbex Júnior na última edição da Caros Amigos.

Não que eu seja adepto do quanto pior melhor, mas há um discurso hegemônico extremamente prejudicial em voga, que é o da adesão ao status quo, o da aceitação deste como universal, natural e eterno, que o caminho da paz é o caminho da aceitação de que a vida é assim mesmo, que sempre foi e que sempre será assim: de um lado, os explorados; de outro, os exploradores, mas que ambos – ricos e pobres – possuem o mesmo objetivo e são todos iguais, igualíssimos, em direitos, em deveres etc.

Assim, ao invés do investimento maciço no ensino público, o que se aponta no horizonte é a extensão de mecanismo semelhante ao Pró-Uni no ensino médio, isto é: mais dinheiro público na iniciativa privada.

Não sem razão, muitas pessoas dizem: mas se não tivesse o Pró-Uni, muitos pobres não teriam condição de frequentar uma faculdade. Sim, concordo, o Pró-Uni – assim como outros mecanismos da chamada política de compensação – realmente tem esse mérito e, a rigor, não sou contra sua existência enquanto elemento paliativo e provisório, mas sou radicalmente contra esse tipo de mecanismo como política permanente, justamente porque faz uma inversão nos valores e no papel de um Estado que se quer comprometido com os valores republicanos e com a superação da exploração social.

Em resumo: ao invés de construir um Estado sólido, mantenedor de educação pública de qualidade, delega a responsabilidade com a educação ao capital privado – e o capital, isso não é segredo nenhum, não está comprometido com o bem-estar social, com a superação da miséria, do analfabetismo, ou com a qualidade da educação, a elevação da consciência e da cultura dos trabalhadores; compromete-se, isso sim, com a maximização dos lucros, e neste sentido transforma tudo e a todos em mercadoria (o discurso da qualidade, em si, nas bocas do capital, já é uma mercadoria).

Por que então insistir em mecanismos de expansão e universalização do ensino que delegam ao capital a responsabilidade com a educação dos trabalhadores? Por que não se estabelecer mecanismos de investimento público no ensino público, de valorização do ensino público e de responsabilidade social pública?

“Loucura!” – vão dizer… “É mais rápido e eficaz aplicar dinheiro público na iniciativa privada, as escolas já estão lá, os professores já estão lá, as carteiras vazias e vagas ociosas lá estão, à espera de mais”… (alunos? Não! Clientes!). 

É difícil mesmo pensar que poderia ser diferente quando, à falta de reflexão, aderimos ao hegemônico e fácil discurso fatalista de que assim são e sempre serão as coisas, simplesmente porque têm de ser! Afinal, em que mundo estamos? O Muro não caiu? A história não chegou ao fim???

Não, não chegou ao fim. Como o velho alemão, continuo acreditando que os homens fazem a sua história, embora não a fazem como querem, mas sim a partir das cirscunstâncias que lhe são transmitidas e legadas pelo passado.

Do ano que se inicia, desnecessário seria dizer que muito esperamos. Objetivos, sonhos e muitas promessas novas e velhas a serem cumpridas (qual é a palavra bastante utilizada nessa época mesmo?… Ahhh, sim, propósitos!!!).  “Meu própósito para o próximo ano é emagrecer”, dizem (o meu não, claro!  Quem não me conhece que me compre! Porque se eu emagrecer…). Enfim, cada um com seus propósitos que, bem pensando, são expressões muito adequadas, pois referem-se ao que cada pessoa se propõe a realizar. Quer dizer, quando alguém diz que seu propósito para o próximo ano é parar de fumar, ela está dizendo mesmo é que se propõe a tentar parar de fumar. Mas isso todo mundo sabia, menos eu.

No mais, que o ano novo seja um ano bom a todos, ou na impossibilidade, que pelo menos traga mais alegrias do que decepções e, acima de tudo, tenha mais solidariedade e menos competição!

No fim, tudo dá certo…

… Se não deu certo, é porque ainda não chegou ao fim!

De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro!

Com estas palavras de Fernando Sabino, desejo a você um ano novo com muita paz, saúde e solidariedade!

Caverna da Pedra Lascada, Novembro de 2010

Caverna da Pedra Lascada, Novembro de 2010 

Nota da Pedra Lascada: Devido à relevância do assunto, a Pictografia deste mês foi chupinhada do Blog de Rodrigo Viana, O Escrivinhador. Faço dele as minhas palavras, sem tirar uma vírgula que seja, só mais indignações a acrescentar:

Por Rodrigo Vianna, em http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/serra-plantou-odio-brasil-colhe-preconceito-as-manifestacoes-contra-nordestinos-na-internet.html

O vídeo que reproduzo abaixo – e também na janela ao lado- é de revirar o estômago. Mas faz um bem danado: lança luz sobre um Brasil que muitas vezes não gostamos de ver. O Brasil do ódio.

http://www.youtube.com/watch?v=tCORsD-hx0w

A campanha conservadora movida pelos tucanos, a misturar religião e política, trouxe à tona o lodo que estava guardado no fundo da represa. A lama surgiu na forma de ódio e preconceito. Muita gente gosta de afirmar: no Brasil não há ódio entre irmãos, há tolerância religiosa. Serra jogou isso fora. A turma que o apoiava infestou a internet com calúnias. E, agora, passada a eleição, o twitter e outras redes sociais são tomadas por manifestações odiosas.

Como se vê no vídeo acima, não foi só a tal Mayara (estudante de Direito!!!) que declarou ódio aos nordestinos. Há muitos outros. Com nome, assinatura. É fácil identificar um por um. E processar a todos! O Ministério Público deveria agir. A Polícia Federal deveria agir.

E nós devemos estar preparados, porque Serra fez dessas feras da direita a nova militância tucana. Jogou no lixo a história de Montoro e Covas. Serra cavou a trincheira na direita. E o Brasil agora colhe o resultado da campanha odiosa feita por Serra.

Desde domingo, muita gente já fez as contas e mostrou: Dilma ganharia de Serra com ou sem os votos do Nordeste. Não dei destaque a isso porque acho que é – de certa forma – uma rendição ao pensamento conservador. Em vez de dizer que Dilma ganhou “mesmo sem o Nordeste”, deveríamos dizer: ganhou – também – por causa dos nordestinos. E qual o problema?

E deveríamos lembrar: Dilma ganhou também com o voto de quase 60% dos mineiros e dos moradores do Estado do Rio.E ganhou com quase metade dos votos de paulistas e gaúchos.

Parte da imprensa – que, como Serra,  não aceita a derrota e tenta desqualificar a vitoriosa –  insiste no mapinha ”Estados vermelhos no Norte/Nordeste x Estados azuis no Sul/Sudeste”. O interessante é ver – aqui – a votação por municípios, e  não por Estados: há imensas manchas vermelhas nesse Sul/Sudeste que alguns gostariam de ver todo azulzinho.

No Sul e no Sudeste há muita gente que diz: “não ao ódio”. Se essa turma de mauricinhos idiotas quiser brincar de separatismo, vai ter que enfrentar não apenas o bravo povo nordestino. Vai ter que enfrentar gente do Sul e Sudeste que não aceita dividir o Brasil.

Serra do bem tentou lançar o Brasil no abismo. Não conseguiu. Mas deu combustível para esses idiotas. Caberá a nós enfrentá-los. Com a lei e a força dos argumentos.

Caverna da Pedra Lascada, Outubro de 2010

Nunca fomos de ficar em cima do muro e, embora sejamos críticos à atual política econômica, herança da onda neoliberal iniciada no Brasil por Collor, aprofundada por FHC e mantida, em essência, pelo governo Lula, não somos adeptos do “quanto pior melhor”.

Os 16 anos de PSDB em São Paulo representou, por um lado, o avanço do crime organizado e, por outro, a falência da educação e da saúde pública sob o domínio do projeto demotucano; representou o avanço das ondas neoconservadoras, fascistas, que atribuem aos pobres e aos migrantes a culpa pelo desemprego, pelo crescimento da criminalidade e pelo fracasso da educação pública.

José Serra, quando candidato a prefeito de São Paulo, assinou um documento comprometendo-se a cumprir o mandato até o final; eleito prefeito, abandonou o mandato para concorrer a governador e, eleito governador, abandonou o mandato para concorrer a presidente.

Obviamente, seu projeto não é de governo, e seu compromisso não é com as causas sociais: seu projeto é de poder – e para alcançar poder, demonstrou ser capaz de qualquer coisa, da invenção de mentiras à criação de uma rede de boatarias e difamações, até a utilização da igreja e perseguição aos que possam representar obstáculo ao seu projeto de poder.

Embora não se enrubesça ao hipocritamente acusar sua oponente, Dilma Roussef, de representar um perigo à democracia e à liberdade de expressão, é fato que os métodos de José Serra e seus aliados, inclusive a grande mídia, são os que configuram a prática do autoritarismo, da falta de diáologo, da censura à liberdade de expressão e manifestação; é assim que assistimos e vivenciamos, nas administrações demotucanas – municipais, estaduais e inclusive federal, à época de FHC- a difusão dos preconceitos e do ódio entre as classes, a repressão policial aos movimentos sociais e às manifestações dos trabalhadores.

Em São Paulo, a tática demotucana de contenção aos avanços dos direitos sociais e ao progresso econômicos dos trabalhadores acarretou, não raras vezes, lamentáveis cenas como os tiroteios entre membros da polícia civil e policiais militares, colocando em risco a vida de centenas de pessoas.As bárbaras cenas – recorrentes nestes 16 anos de governo demotucano em São Paulo – de repressão aos professores da rede pública de São Paulo, alvos de tiros de borracha, cacetadas e bombas de efeito moral, tratados assim como bandidos, também demonstram a aversão à democracia e a intolerância típica da coligação demotucana.

De um lado, criminalização dos movimentos sociais e das legítimas manifestações dos trabalhadores; de outro, a conivência com os crimes de colarinho branco através do impedimento de criação de CPIs e a ineficiência no combate – caracterizando até mesmo tolerância – ao crime organizado.

Por isso, no segundo turno, este blog apóia a candidatura de Dilma Roussef, por se contrapor à de Jossé Serra, este que é representante do que há de pior no cenário político, econômico, social, cultural e educacional brasileiro.

“A eleição de Serra será um desastre para o debate político na América Latina, significará o avanço ainda maior das privatizações, como vimos na atuação da bancada do PSDB/DEM no debate sobre o pré-sal, e uma repressão sem tréguas aos movimentos sociais, além de abrir espaço para o fundamentalismo religioso carregado de ódio e preconceito”. (Ivan Valente – Deputado Estadual PSOL/SP, reeleito).

“Reconhecemos em Dilma Rousseff a candidatura mais qualificada e entendemos como injunção deste momento, em que oficialmente o confronto se abre, a clara definição da nossa preferência. Nada inventamos: é da praxe da mídia mais desenvolvida do mundo tomar partido na ocasião certa, sem implicar postura ideológica ou partidária. Nunca deixamos, dentro da nossa visão, de apontar as falhas do governo Lula. Na política ambiental. Na política econômica, no que diz respeito, entre outros aspectos, aos juros manobrados pelo Banco Central. Na política social, que poderia ter sido bem mais ousada” (Mino Carta, em Editorial da Revista Carta Capital, justificando o apoio desta Revista à candidatura de Dilma Roussef).