O delegado, o palhaço, a laranja e o dono da moral

Por Marcelo Siqueira

Em julho, quando a campanha eleitoral mal tinha entrado em campo, afirmei que o delegado federal Protógenes Queiroz (http://blogdoprotogenes.com.br/), que havia se candidatado para deputado federal, seria um dos mais bem votados do Brasil; ou isso, ou poderíamos pedir as contas e fechar o país – e nem poderíamos dizer ao último que saísse que apagasse as luzes, que estas estariam já apagadas por falta de saldo moral.

Pois bem, Protógenes foi eleito, mas, não passou nem perto do mais bem votado! Deixemos pelo menos as chaves na porta e os dedos no interruptor, porque cada ano que passa a coisa fica mais feia. Porém, antes acompanhemos o trabalho do Protógenes, que só está começando…

Desta vez, o folclore eleitoral elevou aos cumes políticos a figura do palhaço Tiririca, que tinha como mote o “pior do que tá não fica” e que, com toda a sinceridade, deixou bem claro a que veio: “quero ajudar os mais ‘necessitado’, inclusive a minha família” (ai!!!).

O candidato mais bem votado nessas eleições também declarou que não sabe o que faz um deputado federal. Ora, mas Tiririca não está sozinho nesse desconhecimento, porque foi o mesmo que disse o ilustre desconhecido Índio da Costa, quando, indagado sobre ser candidato a vice de Serra, afirmou: “Não tenho a menor ideia de nada”!

Pior do que tá não fica?

Olha só o caso do Distrito Federal: o Joaquim Roriz desistiu da candidatura pra evitar ser punido pela Lei da Ficha Limpa, porque até papel higiênico usado é mais limpo do que a ficha dele, e ele deve saber bem disso, senão pegaria emprestado o óleo de peroba do Maluf e continuava na disputa. Então ele coloca a própria mulher como candidata – uma senhora que mal sabe articular uma palavra após a outra, que aparece do nada, vindo de lugar nenhum e indo pra lugar algum, que a todas as respostas sobre seu projeto de governo só sabe responder que terá uma equipe de governo bem capacitada pra resolver isso, pra resolver aquilo (quem será que vai comandar essa equipe de governo, hein, hein, hein?!)… E ainda a laranja vai pro segundo turno!!!

Pior do que tá não fica… Ou será que fica?

Porque agora tem o segundo turno pra presidente e a dulpa Serra-Índio ataca como se fosse a dona da moral, a santíssima trindade em pessoa (nesse caso, formada pelo Ilustre Desconhecido, pelo Zé Pedágio e pela TFP –  aquela mesma que apoiou o golpe militar e a ditadura no Brasil, e agora se anuncia como a guardiã da democracia! Sei, sei…).

Deu na Folha On Line nesta quinta-feira, 07 de outubro, que Serra promete debater valores na campanha, numa sórdida insinuação de que sua adversária seria imoral e ele, Serra, o defensor da moral e dos bons costumes.

O “bom” Serra (que, segundo suas próprias palavras: “não estou prometendo, estou dizendo o que vou fazer”), tão digno de confiança que assina embaixo do que diz, assim como assinou e registrou em cartório um documento se comprometendo a, caso fosse eleito prefeito de São Paulo, cumprir o mandato até o final e não deixar o cargo para disputar outro cargo eletivo!…

O “próbrio” Serra que esqueceu o que escreveu, esqueceu o que assinou, esqueceu o que prometeu e esqueceu o que disse que NÃO ia fazer… E fez! E assim como não completou o mandato como prefeito, não completou o mandato como governador. E esse é o defensor da moral, dos valores, da palavra de honra, que não precisa nem dizer a que vem, porque suas ações falam claramente: pra ter poder, poder… e mais poder! Ele tem sede de poder…

O “digno” Serra da máfia dos sanguessugas, das privatizações, do Pior Salário do Brasil, da educação falida, da favela de estúdio, do metrô que afundou, dos pedágios exorbitantes, do governo refém do crime organizado (dos comandos e dos colarinhos brancos)!…

O dono da moral, José Serra – veja na FSP de 04 de agosto de 2010, página C14 -, é o autor desta pérola, verdadeira mostra do cinismo tucano, ao se referir ao seu parceiro candidato a vice-presidente: “[Índio] Tem uma namorada e, me disse por telefone, “não tenho amantes“. Eu até disse: também não precisa exagerar. O que tem que ser é uma coisa discreta“.

“Uma coisa discreta”…

Imagine uma conversa hipotética entre dois Zés, o do Panetone e o Alagão: O Alagão pergunta ao do Panetone: “E aí, meu futuro vice, tá tudo certinho no seu governo, nada que possa virar um escândalo?…” E o do Panetone responde: “Fica tranquilo, que aqui a ficha tá limpa!” Daí o Zé Alagão responde: “Também não precisa exagerar. O que tem que ser é uma coisa discreta”… 

O fim dessa história fictícia nós podemos inventar também: o Zé do Panetone não era nada discreto – foi flagrado recebendo propina, foi preso e perdeu o mandato de governador – e o Alagão teve que trocar de vice).

Pior do que tá não fica? FICA!!!

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