Por Marcelo Siqueira
*
“Se fosse brasileiro não torceria para a Argentina, porque brasileiro que é brasileiro não torce para Argentina”.
É a copa da FIFA revelando o xenófobo escondido em (quase) cada um de nós.
Se fosse brasileiro, torceria para Argentina sim, para a Suíça, para qualquer outro time, inclusive para o Brasil; se fosse brasileiro não torceria para nenhum time, contra todos e até mesmo contra a seleção do Brasil.
Porque ser ou não ser brasileiro não tem absolutamente nada a ver com futebol, nada a ver com concordar ou discordar dos governos da velha e da nova direita que aí estão à frente dos Estados e da “União”, nada a ver com gostar ou não gostar, ou se conformar ou não com as condições em que se encontra o nosso país.
Fala-se em ser brasileiro como quem diz “consciência de classe”…
Mas quem tem consciência de classe sabe que nem o capital nem o trabalho tem fronteira, nacionalidade ou pátria.
Ser brasileiro é tão somente uma condição de ter ou não nascido num território delimitado por uma fronteira denominado Brasil; ou de, por opção, ter adquirido o status de nacionalidade brasileira.
Qualquer discurso que proclame ou exija do outro um “sentimento de nacionalidade” ou de “amor à pátria” nada mais é do que reprodução autoritária do lema da ditadura (“Brasil, ame-o ou deixe-o”) que de forma subliminar a exquerda no poder está alimentando.