“Thirteen Reasons Why”: Impactante e necessário

Traduzido para o português brasileiro como “Os treze porquês” e adaptado do romance do escritor Jay Asher (2007) pela Netflix numa densa série com 13 episódios lançados de nesta sexta feira, 31 de março, acabei assistindo-os quase de uma tacada só.

Uma vez diante do enredo e da narrativa que vai revelando os motivos pelos quais uma adolescente comete suicídio é impossível não querer saber as próximas cenas dessa história dramática, intensa, pesada, sensível e em certos momentos brutal, tal como é o mundo da adolescência e seus cotidianos conflitos potencializados pela costumeira inabilidade e indiferença com que nós, adultos, lidamos com os jovens e suas idiossincrasias, particularmente em relação às suas atitudes impulsivas, impensadas e irrefletidas, próprias de uma fase em que a capacidade de discernimento ainda não se completou, mas cuja transição para o mundo adulto e suas responsabilidades inerentes cobra um alto preço, e às vezes cobra com a própria vida, ou morte…

Mesmo recorrendo ao lugar-comum da expressão “soco no estômago“, não há outra figura de linguagem que melhor defina a sensação causada pelo desenrolar da história em que o tema “bulling” é apresentado sem muito verniz, com suas possíveis consequências trágicas, permeando personagens verossímeis (em que pesem alguns típicos estereótipos, mas que não chegam a prejudicar de todo a veracidade do enredo).

É preciso estar atento, porém, para o fato de que para além do “bulling“, “Thirteen Reasons Why” não trata apenas da violência entre adolescentes, mas aborda também o quão sutilmente cruel pode ser a violência institucional e, neste sentido, convém assistir o seriado observando o papel da família e da escola – duas das principais instituições responsáveis pela educação das novas gerações, que deveriam ser as mais preparadas para ajudar no complexo processo de formação do ser humano (aliás, por ironia ou mensagem subliminar, não à toa o nome do colégio é “Liberty“) e que, por vezes, são espaços que, por ação e/ou por omissão, potencializam (e até causam) os conflitos.

Por fim: se puder, quando puder, assista. E não esqueça dos lenços para as lágrimas e uma almofada ao seu lado para colocar contra o rosto e abafar os inevitáveis gritos de raiva.

É impossível ficar indiferente.

[M.S]

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