O saco de maldades foi aberto, e ninguém pode dizer que foi enganado por eles!

Às direções da classe trabalhadora e dos movimentos sociais cabe organizar a população em geral para impedir os cortes de direitos sociais e trabalhistas e a dilapidação do patrimônio nacional!

Em outubro de 2018, ainda em campanha eleitoral, Eduardo Bolsonaro publicou um tuíter revelador sobre o que seria um eventual governo de sua famiglia – logo tratou de corrigir como “gafe”, erro de digitação ou qualquer outra desculpa esfarrapada semelhante…  Contudo, mal completou dois dias na presidência, Bolsonaro pai mostra a que veio (e, convenhamos, nunca escondeu de ninguém): detonar com os direitos da população mais empobrecida, dos grupos mais vulnerabilizados e com os já poucos direitos da classe trabalhadora.

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Não deixa de ser ilustrativo que o seu primeiro decreto tenha sido rebaixar em 8 reais os já míseros 1006 reais previstos pelo Congresso para o salário mínimo em 2019, o que gerou uma gama de descontentamento de sua própria base de apoio popular. Foi apenas a primeira amostra daquilo que Bolsonaro dizia explicitamente em campanha: que governará para o empresariado, para o grande capital, principalmente o estrangeiro.

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Junto com esse primeiro pacote de maldades, veio a transferência de poder, aos ruralistas empossados no Ministério da Agricultura, de demarcação de terras indígenas e quilombolas, a desestruturação do Conselho de Segurança Alimentar e da Secretaria da Diversidade, Alfabetização e Inclusão do MEC, a retirada da comunidade LGBTI das diretrizes de Direitos Humanos, a extinção do Ministério do Trabalho e da Cultura, a proibição de publicização de ações do COAF (órgão que investiga movimentações financeiras suspeitas do ex-motorista dos Bolsonaros), entre outros.

Além disso, para além das nomeações de ministros investigados  em esquemas de corrupção (e até de um ministro – do Meio Ambiente – condenado por crimes cometidos relacionados à própria área à qual foi empossado), contrariando todo o seu discurso de estabelecer um “novo jeito de fazer política” sem conchavos e nomeando assessores por critérios técnicos, fez acordos políticos na composição do seus ministérios (cujas pastas em campanha prometia não passar de 15, o que de cara não cumpriu) e agora fecha acordo com Rodrigo Maia, deputado do DEM e investigado na Lava-Jato, para apoiá-lo à presidência da Câmara a fim de obter apoio às reformas impopulares e cargos em Comissões do Congresso.

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O aprofundamento dos ataques aos direitos sociais e trabalhistas, já iniciados em governos anteriores, só estão no começo. Enquanto lança cortinas de fumaça com o discurso vazio de combate ao socialismo (que nunca existiu no Brasil), a uma (inexistente) ideologia de gêneros nas escola, entre outros disparates, o objetivo principal do governo é garantir os privilégios da burguesia nacional, das velhas raposas políticas e do alto comando militar, repassando ainda mais a conta da crise para os mais pobres e para os trabalhadores, exterminando a previdência pública (e, com ela, o direito à aposentadoria, obrigando o trabalhador a investir em fundos privados), a justiça do trabalho (e, com ela, os já precários direitos trabalhistas), dilapidando o patrimônio público por meio das privatizações, diminuindo a oferta de serviços públicos (inclusive saúde e educação) e repassando-os para  iniciativa privada.

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Em relação aos interesses da classe trabalhadora e da população pobre em geral,  o projeto neoliberal defendido por Bolsonaro não apenas está fadado ao fracasso, como também acarreta tragédias irreparáveis às vidas humanas. Nos anos 80, o Chile fez uma reforma da previdência que é a idealizada pelo governo Bolsonaro para ser aplicada no Brasil: uma das consequências mais dramáticas, lá, foi criar uma onda de suicídios de idosos, sem direito à aposentadoria, ou brutalmente pauperizados pelo financiamento de previdências privadas. Por conta disso, atualmente o Chile passa por um processo de discussão para reversão da privatização da previdência.

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Na Argentina de Macri, que é referência do neoliberalismo de Bolsonaro, em setembro de 2018 a inflação chegou a mais de 45%, o peso argentino desvalorizou, em um ano, 100%, levando a classe trabalhadora e a população pobre a enfrentar uma crise histórica, com as consequentes convulsões sociais.

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Para quem tem algum senso de realidade ou se dá o trabalho de uma pesquisa (mesmo que rápida, mas séria),  não é difícil entender o abismo para onde nos arrastam as políticas neoliberais. Diante delas, é inevitável que a classe trabalhadora e a população em geral intensifique sua organização, ou se reorganize, para enfrentar os ataques aos direitos sociais e trabalhistas e para garantir melhores condições de vida.

Não à toa, o cenário de guerra montado pelo governo Bolsonaro em sua posse, com tanques, snipers, ameaças de abates de aeronaves e até mesmo a humilhação infligida a jornalistas e trabalhadores da imprensa em geral – foi um recado claro, obsceno, de que este governo está disposto a toda forma de violência, opressão e autoritarismo para impor sua política anti-povo. Ainda que tenha algum respaldo popular obtido pelas ilusões criadas e pelas mentiras inventadas durante sua campanha, o governo sabe que a lua-de-mel durará bem menos que comumente dura e que, passada a euforia da embriguez, a ressaca vai ser pesada, as frustrações serão inversamente proporcionais às expectativas criadas e o frágil apoio popular vai virar pó, criando um caldo explosivo.

Apesar de uma parte estar ainda encantada pelo canto da sereia do falso messias, e outra parte estar imobilizada pelas tantas desilusões sofridas, a classe trabalhadora não está derrotada!

Resistir é preciso! Construir as possibilidades para derrota desse governo é preciso! É questão de sobrevivência real, de impedir que sejam degradadas ainda mais as condições de vida, de trabalho, de salário, de sobrevivência e dignidade dos trabalhadores e da população em geral, das mulheres, dos negros, dos LGBTIs, dos índios… de cada um de nós!

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