Das palavras que não devem ser ditas

Certas palavras são como represa. Guiando-se pelas estrelas ou se deixando levar ao sabor dos ventos, você pode navegar serenamente por suas águas enquanto as mantém contidas.

Às vezes você sente a brisa morna, às vezes passa por uma tempestade e elas permanecem a guardar seus tesouros no fundo, onde só veem os que têm olhos para ver, os que ousam forçar a vista, mas você continua navegando dono de si e do leme, apontando a proa na direção que acredita ser mais segura, mesmo que não seja a melhor.

Certas palavras são como represa. Se não tiver coragem para encarar o inusitado, deixe tudo como está. Se não estiver disposto a navegar por outras águas, ora turbulentas, ora calmas, não libere as comportas. Você não conseguirá conter a intensidade da correnteza, não sabe como vai lidar com ela no momento seguinte.

Vai nadar contra as correntes e terá força suficiente para chegar aonde pretende? Vai se entregar ao fluxo e ainda terá energia para retomar um caminho sem volta, certo de que nem o caminho nem você haverão de ser os mesmos do ponto de partida?

Certas palavras são como represa. Uma vez incontidas, a potência das águas vai te arrastar para um fim e para um início, porque o fim é sempre oportunidade para um começo, que tem seu preço conforme o seu valor e o valor que você dá a certas palavras.

Uma vez abertas as comportas, as águas não podem mais ser represadas. Assim como certas palavras que – bem ou mal – não devem ser ditas, ainda que benditas.

A menos que esteja preparado a reescrever sua carta de navegação, certas palavras… mantenha-as contidas. Tal como as águas de uma represa.

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