Aprendi desde há muito
a sutileza das palavras;
a intuir nas entrelinhas
gestos e intenções não reveladas;
a compreender o que está sendo dito
naquilo que não está escrito.
Um substantivo mal colocado,
um adjetivo inocentemente à mingua,
um advérbio que escapa pelos dedos,
ou que escorre pela língua,
revelam segredos.
O que não sei pela omissão
completo com a imaginação
- peças se encaixam, se desencaixam
e, como um animal ferido,
mas vivo, prossigo.
Atribuo sentidos ao que leio
desnudo o que percebo
com a emoção
e com a razão
resvalo em medos
desvelo segredos.
[M.S.- Março/ 2023]
Imagem em destaque: Pieter Bruegel
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