Senta que lá vem textão.
Entre mais de 40 servidores públicos que cumpriram suas 30, 40 horas semanais, na sexta-feira, 07 de fevereiro, este ser que aqui escreve chegou às 8h da manhã e trabalhou até 22h30 em razão de ajustes que precisaram ser feitos em alguns locais do prédio da escola para dificultar a entrada de ladrões.
Foi uma situação de exceção, sim. Assim como foi excepcional na quinta e na quarta desta semana, e na quinta da semana passada – dias que tive de chegar antes do meu horário de entrada em razão das invasões.
Porém, quem trabalha nas gestões de escolas bem sabe que, independente destas ocorrências pontuais, por mais que planejemos a rotina, no cotidiano o inusitado e o imprevisto são constantes – temos hora para chegar e não temos hora para sair (não porque oficialmente não há horas para sair, mas porque frequentemente acontecem situações que demandam nossa permanência além do horário regular).
Especialmente (mas não apenas) nas primeiras e nas últimas semanas do ano e dos semestres, no caso das escolas de Educação Infantil, e nas semanas de Conselho de escola, inícios e fins de ano e de semestres nas escolas de Ensino Fundamental, as demandas de trabalhos dos profissionais da educação (professores, gestores, oficiais de escola etc.) tornam-se ainda mais intensas.
No nosso caso específico, aqui no município de São Bernardo do Campo, as horas trabalhadas a mais não geram banco de horas nem pagamento de horas extras. Por isso, eventuais horas trabalhadas a mais precisam de flexibilização no mês a fim de ajustarmos à jornada de trabalho contratual, mas nem sempre é possível fazer ajustes, acarretando em efetivação de jornadas de trabalho bem maiores do que as oficiais.
Acontece que na maioria das situações as horas excedentes sequer são reconhecidas pela administração e, portanto, não podem ser fruídas ou flexibilizadas.
Assim como em qualquer função do magistério (como a dos professores), há demandas dos gestores que não se esgotam nem se restringem nos tempos regulares e nos espaços físicos das escolas. Demandas que carregamos para casa, algumas vezes em fins de semana, outras em feriados, emendas e até mesmo férias.
Mesmo para alguns que atuam em escolas, é difícil ter a dimensão exata do volume de trabalho, do tempo necessário e do que precisa ser garantido para que a rotina pedagógica aconteça.
Para quem só conhece escola da própria experiência como aluno ou como pai/ responsável, então, é impensável a quantidade de demanda, de esforços individuais e coletivos necessários para que uma escola funcione e, mais ainda, para que cumpra sua função social, garantindo um ensino minimamente de qualidade, num espaço o mais seguro e num ambiente o mais acolhedor possível – de cuja estruturação muitas coisas nos fogem do poder de ação ou de execução.
Enquanto funcionário público, sou contratado (por meio de concurso) e respondo para a Secretaria de Educação e para a Prefeitura, cujas regras organizam e dão diretrizes para o meu trabalho. Mas não trabalho para a Secretaria de Educação nem para a Prefeitura, trabalho para a comunidade, para as famílias e principalmente para as crianças das escolas em que atuei e da escola em que atuo.
Dentro das minhas possibilidades e dos meus limites, procuro fazer o meu melhor; e fazer o melhor possível e atender bem não é favor algum para ninguém; pelo contrário, é obrigação.
Tenho particular ojeriza à política de “favores”, aliás.
Não é obrigação minha, porém, trabalhar além da jornada regular, mas muitas vezes trabalho e faço com prazer porque é gratificante ver os problemas resolvidos, as pessoas satisfeitas, mesmo sabendo que por mais que façamos não vamos conseguir atender plenamente todas as necessidades nem satisfazer todas as pessoas.
Igualmente assim fazem a grande maioria dos funcionários públicos que conheço, a despeito de sofrerem cotidianamente ataques e críticas por vezes injustas, generalizantes, muitas calcadas em preconceitos: “privilegiados”, “boas-vidas”, “vagabundos”… E agora, nas palavras do verme Paulo Guedes: “parasitas”.
Tais críticas não me atingem. Não mexem um milímetro da minha dignidade, nem abalam a dignidade da grande maioria dos servidores públicos (garis, atendentes, professores, cozinheiros, pedreiros, eletricistas, porteiros, auxiliares, oficiais, enfermeiros, médicos, socorristas, agentes da segurança pública, assistentes sociais, psicólogos, bibliotecários, motoristas etc, etc e tal).
Engana-se quem pensa que são ataques ao funcionalismo público exclusivamente. Pelo contrário, trata-se de uma política deliberada e bem orquestrada de desmonte do serviço público, o que na prática é um ataque aos direitos sociais da população em geral e, em especial, da população mais pobre, que é usuária dos serviços públicos.
As frequentes ofensas de Paulo Guedes e do governo Bolsonaro aos servidores públicos não são apenas criminosas porque atentam contra a honra e à dignidade dos trabalhadores públicos. São criminosas também porque atentam contra o próprio Estado de Direito (que já é bem precário) e contra a grande maioria da população que necessita dos serviços públicos.
São ofensas difamatórias que intencionam jogar a população contra os servidores e o serviço público (ou seja, contra si mesma) por meio de reprodução de mentiras, distorções e de preconceitos.
Ao invés de atacar, a obrigação de governantes deve ser a de garantir melhores condições de trabalho aos servidores e de atendimento à população.
Contudo, não é possível depositar nenhuma ilusão nesse governo que pratica a necropolítica. Ao mesmo tempo que difamam servidores públicos, são os próprios
agentes dos governos (presidente e sua casta de funcionários comissionados) e os especuladores capitalistas para quem de fato os políticos burgueses trabalham que parasitam o Estado. Estes sim são não apenas parasitas, são verdadeiros vermes que corroem direitos sociais e as condições de vida da grande maioria das pessoas.
É preciso impor limites urgentes aos desmandos e disparates do governo Bolsonaro, até que seja possível somar forças para derrubá-lo!
Ps: Aos servidores públicos que ainda defendem o governo, não esqueçam de usar o filtro “Sou parasita do Bolsonaro”.
#PauloGuedesParasita
#BolsonaroParasita
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Seguem alguns links para deixar claro quem são os verdadeiros parasitas:
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