Dezembro

I

Eu preciso abandonar
Este louco projeto de sonhar com você
O sonho nada me diz
E você, então, se foi há tempos.

Aquela luz em torno de seu corpo
Era mera impressão
Aquele brilho em seus olhos
Era reflexos dos meus.

(Ela jamais existiu)

Eu me pergunto: como é que pode
Isso ter acontecido desta maneira?

(Está na hora de vocês agirem como adultas)

Mas tudo o que eu falei
Foram frases sombrias
Mesmo as mais bonitas
Estavam carregadas

Do desejo dos seus lábios
Ao desejo do seu corpo
Nada era o que eu queria
Apenas as desgraças

Nada se repetia
Apenas os sentimentos
E a opacidade das imagens
Que se foram...

II

Eu preciso abandonar o hermetismo
O transcendental pensar metafísico
Preocupar-me com o metal

(O concreto)

Abandonar a ociosidade
Deixar o corpo cansar
Deixar a mente esquecer...

O segredo dos seus olhos
O meu ar de que tudo está tão claro
Como se não estivéssemos à beira do milênio
Nada me dizem...

A sua falseada alegria
O meu cinismo ingênuo
Como se não estivéssemos para nascer
Nada me dizem...

O seu gesto de incompreensão
A minha suposta paciência
Como se não estivéssemos perdidos
Nada me dizem...

Nada me dizem
Mas eu é que estou surdo.


[M.S.]

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s