Sábado. 28 de Setembro de 1996. Chegou como quem não quer nada Despretensiosa Meio que disfarçada Silenciosa... Num dia qualquer Fazia frio ou calor - Tanto faz Não faz diferença agora. [M.S.]
Autor: Marcelo Siqueira
Sou o que sou: presente, passado e futuro; tempos intercalados; movimento das ondas e do espaço; metamorfose ambulante e, ainda assim, o mesmo de antes!
Professor do Ensino Fundamental por oito anos, atualmente diretor escolar em uma escola de Educação Infantil, "péssimo aluno, ótimo estudante" - alguém dissera de mim, se bem que tenho minhas dúvidas - leitor, garimpador de pérolas discursivas, escrivinhador sem pretensões literárias. E assim caminha a humanidade...
Confiança
Quando se insiste em quebrar a confiança, as mentiras já não colam.
M.S.
Flores e Armas de Fogo
Hoje eu não devo falar de flores nem de armas de fogo não devo e não posso consentir que a cada instante a morte abrace um princípio e que esse princípio seja esquecido postumamente pelos meus camaradas com sonhos imediatistas... A morte não é a mera morte - é o puro e ingênuo esquecimento. De nada vale se lamentar, é inútil e insensato Mas é necessário pensar e repensar e mais necessário ainda: agir - ação consciente que está sendo deixada de lado... Não deveria ter dito porque hoje eu não devo falar de flores nem de armas de fogo. [M.S.]
Imagem em destaque extraída de Exame.com
Domingo Deserto
DOMINGO comum, sem gritos ressoantes aguardo o novo dia que de tão esperado já envelheceu não é noite, não é dia é tarde tarde demais para ficar esperando tarde demais para estar distante e fingir-se ao lado e fingir-se desperto e fingir-se tão cheio quando o coração - incerto - está DESERTO. [M.S]
Há de Ser
(Uma menina sumiu de sua casa fugiu - ninguém mais a viu?) Enquanto espero a chegada em incerta hora lembro dos que já foram embora lembro do que eu antes era vejo o que sou agora - lembro de você. Esta é sim uma sucessão de ideias e imagens desfiguradas e sons dissonantes e gostos deturpados e impressões casuais. (Ela só tinha 14 anos quando se entregou àquela vida àquela venda indiscriminada E aí, então, você chega e acha normal: "O mundo é isso agora como antes fora e há de ser - você vai ver..." E eu, ainda impressionado sinto-me mesmo culpado pelo que não fiz justamente por nada fazer - me calar, não combater... "Mas ela diz que gosta dessa vida fácil tão desconexa mas tanto vício assim não é tão difícil melhor passar o dia, esquecer e não tentar entender". Ela ainda tinha o brilho nos olhos a alma insípida o corpo inodoro quando se deixou levar numa noite como essa. Ela também sonhava ela sabia sonhar! agora vive um pesadelo verdadeiro - subvida... perdida. "Mas ela diz que tem joias tem ouro, tem colares e que não dorme porque não sonha e não sonha porque cresceu". Apesar de tudo, não consigo compreender) Porque lhe amo é que vou estar aqui tão longe aqui tão perto da solidão. Porque não lhe odeio é que fica complexo esquecer você compreender o porquê quero lhe ver. [M.S. - Setembro /1998]
Imagem em destaque: Obra de Suzane Valadon, extraída de 3 Minutos de Arte